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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

LÍDER CAMPONÊS MANOEL DA CONCEIÇÃO TERÁ BIOGRAFIA LANÇADA EM 2013

Reconhecido internacionalmente, Manoel é Doutor Honoris Causa,
título concedido pela UFMA. Foto: Felipe Klamt

Está em fase de "gestação" a biografia de Manoel da Conceição, líder camponês essencial na luta pela reforma agrária, fundador do PT e símbolo da esquerda no Brasil.

A biografia é um trabalho de fôlego do jornalista e historiador Adalberto Franklin, diretor da editora Ética, sediada em Imperatriz.

O texto tem links com a realidade maranhense e nordestina na metade do século passado, questões agrárias, políticas e econômicas; história do MEB (Movimento de Educação de Base) e da AP (Ação Popular); conjuntura anterior ao golpe de 64 e anos iniciais do militarismo; resistências ao golpe; torturas, exílios etc, temas ligados à militância de Manoel da Conceição.

O lançamento está previsto para junho de 2013. Adalberto Franklin pretende lançar uma edição na Europa, em francês, em 2014, quando o Manoel fará 80 anos. O título será “Manoel da Conceição, sobrevivente do Brasil”.

Veja um trecho do primeiro capítulo: “A chacina da Copaíba”

"1957. COPAÍBA dos Mesquitas, pequena povoação do município de Coroatá, no Maranhão. Uns vinte lavradores do povoado e vizinhanças reuniam-se num salão rústico, de paredes de taipa com cobertura de palhas de babaçu, à beira da estrada. Propriedade da família Mesquita, era local de reuniões da comunidade. Possuía apenas as quatro paredes, sem divisórias internas; aberturas na frente e fundos, sem portas; e nas laterais, sem janelas.

No amplo salão, sentados em tamboretes de madeira e couro e bancos de madeira lavrada, discutiam acaloradamente as pressões e ameaças que vinham sofrendo de grandes proprietários, fazendeiros residentes na cidade que pretendiam, a qualquer custo, alargar o tamanho de suas terras através da expulsão das famílias camponesas, inclusive as suas.

As terras da região eram devolutas. Havia décadas, camponeses ali viviam, espalhados por todo aquele território de centenas e centenas de léguas onde predominavam as palmeiras de babaçu e contavam-se dezenas de rios perenes, abundantes em peixe. Não muito distante, localiza-se o Lago Açu, o maior e mais piscoso lago do Maranhão. As matas, nativas e inexploradas, eram abundantemente povoadas dos mais diversos animais da fauna sertaneja, que serviam de reserva alimentar, caçados apenas para alimento da família — desde a pequena paca até o caitetu e a temida onça, grande felino que ameaçava tanto a vida humana quanto os animais de criação."

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