por Samuel Marinho *
Hoje vou deixar de lado os comentários longos.
Talvez seja esse o início de uma série do tipo “histórias breves sobre canções de momento”.
Porque tudo mais que pretenda discutir a música popular hoje soa chato, fora do contexto dos pragmatismos velozes.
Zeca Baleiro já desvendou o mistério: o destino de toda música é virar Muzak, música de elevador.
Vivemos no ciberespaço, onde se goza da amplitude de terabytes, mas de uma profundidade nanométrica.
Estamos no tempo do twitter.
Somos homens de poucas palavras, mas de muita fé.
Seguidores de uma estranha religião.
Os scraps e emoticons são os hieróglifos do futuro.
Pois bem.
Crio um avatar para me reinventar.
Tento me adaptar aos novos tempos.
Apenas quero comentar hoje sobre uma canção.
É a minha preferida atualmente, apesar de um pouco antiga.
Estou sem paciência pra ouvir o “novo” nesses últimos dias.
A canção é “Odara”, composição de Caetano Veloso do disco “Bicho” de 1977.
Eu ainda não tinha nascido, e não dou graças a Deus por isso.
É uma canção de poucas palavras: direta.
Deixa eu cantar. Deixa eu dançar. Simples assim.
Que é pra tudo ficar odara, legal, jóia, maneiro.
Sacou?
A música traz uma sensação de eternidade induzida pela repetição incessante dos mesmos versos.
Um mantra.
Parece que não vai acabar nunca, com a proeza de não soar cansativa.
E ainda tem o lance bacana dos múltiplos significados para “odara” e coisa e tal.
Mas não temos tempo aqui.
Odara seria a música perfeita para os dias de hoje, mas só pela estrutura à la twitter.
Ela peca por se esmerar em emoção.
É um canto comovente demais.
Não fosse por isso talvez estaria na lista das mais acessadas. Seria a letra mais seguida.
Numa ditadura às avessas, a liberdade é corroída pela censura do discurso breve, necessário.
Liberdade, liberdade: qualquer coisa que se sonhara.
Canto e danço que dara.
* Samuel Marinho é colaborador deste blogue, contador e servidor público federal.
Ilustração: capa do disco "Bicho", de Caetano Veloso, em 1977
Hoje vou deixar de lado os comentários longos.
Talvez seja esse o início de uma série do tipo “histórias breves sobre canções de momento”.
Porque tudo mais que pretenda discutir a música popular hoje soa chato, fora do contexto dos pragmatismos velozes.
Zeca Baleiro já desvendou o mistério: o destino de toda música é virar Muzak, música de elevador.
Vivemos no ciberespaço, onde se goza da amplitude de terabytes, mas de uma profundidade nanométrica.
Estamos no tempo do twitter.
Somos homens de poucas palavras, mas de muita fé.
Seguidores de uma estranha religião.
Os scraps e emoticons são os hieróglifos do futuro.
Pois bem.
Crio um avatar para me reinventar.
Tento me adaptar aos novos tempos.
Apenas quero comentar hoje sobre uma canção.
É a minha preferida atualmente, apesar de um pouco antiga.
Estou sem paciência pra ouvir o “novo” nesses últimos dias.
A canção é “Odara”, composição de Caetano Veloso do disco “Bicho” de 1977.
Eu ainda não tinha nascido, e não dou graças a Deus por isso.
É uma canção de poucas palavras: direta.
Deixa eu cantar. Deixa eu dançar. Simples assim.
Que é pra tudo ficar odara, legal, jóia, maneiro.
Sacou?
A música traz uma sensação de eternidade induzida pela repetição incessante dos mesmos versos.
Um mantra.
Parece que não vai acabar nunca, com a proeza de não soar cansativa.
E ainda tem o lance bacana dos múltiplos significados para “odara” e coisa e tal.
Mas não temos tempo aqui.
Odara seria a música perfeita para os dias de hoje, mas só pela estrutura à la twitter.
Ela peca por se esmerar em emoção.
É um canto comovente demais.
Não fosse por isso talvez estaria na lista das mais acessadas. Seria a letra mais seguida.
Numa ditadura às avessas, a liberdade é corroída pela censura do discurso breve, necessário.
Liberdade, liberdade: qualquer coisa que se sonhara.
Canto e danço que dara.
* Samuel Marinho é colaborador deste blogue, contador e servidor público federal.
Ilustração: capa do disco "Bicho", de Caetano Veloso, em 1977