O jornalista Marco d’Eça atacou vários integrantes do PT, acusando-nos de "omissão", "corpo-mole" e rebeldia na campanha de Dilma Roussef (PT) com Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão.
Dos qualificativos citados por d’Eça, rebeldia é o único apropriado. Os demais, não servem.
Fazemos campanha para Dilma desde 1989, quando ela ainda nem sonhava ser candidata à Presidência da República. Nesta data, a primeira campanha de Lula, quando o campo democrático-popular começava a construir uma alternativa de poder para o Brasil, já estávamos todos nas ruas.
Foi assim também nas campanhas seguintes de 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010. Não precisamos de atestado, registro em cartório ou ata de reunião para provar o compromisso ideológico com as forças transformadoras do Brasil, representadas nos dois mandatos de Lula e na eleição de Dilma.
Quem precisa dar explicações sobre o oportunismo tardio de adesão ao PT/Lula é oligarquia maranhense, que sempre esteve à sombra do poder de qualquer partido. Foi esse grupo que firmou um pacto com a Ditadura Militar e silenciou sobre a tortura e as atrocidades cometidas nos porões da repressão.
E, logo depois, de forma oportunista também, abandonou o barco dos militares e levantou o estandarte da Nova República. E, em todos os governos seguintes, esteve associado, servindo e usufruindo das benesses do poder.
Não duvidamos, também, se a oligarquia aderisse aos tucanos com a vitória de José Serra, abandonando Lula e o PT.
Nós, petistas dissidentes desse pragmatismo, não aceitamos a aliança do PT com o PMDB no Maranhão. Decidimos apoiar a candidatura de Flávio Dino (PC do B), com Dilma, por questões de princípio e coerência política.
Fizemos a campanha de Dilma, mesmo sem o PT formalizado em nossa coligação, até que a Justiça Eleitoral retirou as cenas do comício de 2008, na praça Deodoro, no qual Dilma pedia votos para Flávio Dino.
Os ataques de d‘Eça assemelham-se a outros tiros disparados dentro e fora do PT com o objetivo de aniquilar o pensamento dissidente no Maranhão.
Daqui por diante, como por decreto, só é correto pensar de acordo com os interesses do Palácio dos Leões. E para isso, utilizam Dilma e Lula como espelho e escudo em uma só aparato.
José Sarney (PMDB) se vê em Dilma e ao mesmo tempo usa a presidente como proteção diante de todos aqueles que divergem da aliança PT-PMDB no Maranhão.
O fato de uma parte representativa do PT divergir do “consenso de Washington (Oliveira)” e integrar a campanha de Flavio Dino tornou-se um dos maiores obstáculos à vitória de Roseana Sarney (PMDB).
Flávio, sem o apoio oficial do PT, chegou a 29% das intenções de voto enfrentando as mais poderosas forças políticas e econômicas do Maranhão. Tivemos uma vitória política, consolidamos um pólo de oposição e vamos aos debates e enfrentamentos futuros.
Estivemos com Dilma no primeiro e no segundo turno. Não houve neste blogue nenhum patrulhamento ao deputado estadual Valdinar Barros (PT). A crítica direcionada ao parlamentar veio da observação do contraditório na postura dele.
Barros, um radical confesso anti-Sarney, que até outro dia estava com o ex-governador Jackson Lago (PDT) "até debaixo d'água", foi fotografado com o senador Edison Lobão (PMDB) em uma cerimônia de apoio a Dilma.
Transformar essa crítica em ódio à vitória de Dilma não tem sentido. É querer enxergar além do possível nos critérios da objetividade jornalística.
Neste blogue sempre combatemos a hegemonia do PSDB no ex-governo de Jackson Lago. Defendíamos, e sustentamos essa tese em 2008 e 2010, a construção de uma terceira força política no Maranhão, protagonizada pelo PT e pelo PC do B.
O PT, sustentamos, não deveria ser linha auxiliar nem do grupo Sarney nem da oposição conservadora cristalizada no PSDB. Vencemos o encontro de tática eleitoral do PT, com a tese da coligação com o PC do B. Flávio Dino governador, Dima presidente.
A meta de fazer prosperar um pensamento único no Maranhão, emanado de uma só família, ancorado num apoio tardio e oportunista ao PT/Lula, é prejudicial à democracia. Quem aderiu ao pensamento único vai responder à História por suas opções, atos e gestos.
Os rebeldes, por uma boa causa - a melhoria dos indicadores econômicos e sociais do Maranhão - mantêm a trincheira ocupada, fazendo o bom combate, até que os verdadeiros adversários do povo do nosso estado sejam derrotados.
Estamos com Dilma, para o Brasil seguir mudando.