Nenhuma ditadura é ou foi
boa, seja do comunista Joseph Stalin ou do militar Garrastazu Médici.
Quem está querendo a volta
dos militares ou algo parecido, nunca foi torturado ou leu sequer a orelha de
um livro com relatos sobre prisões, sumiços e assassinatos nos porões da
ditadura militar no Brasil.
Os 50 anos do golpe
civil-militar devem ser lembrados, requentados e servir de alerta para o
momento atual, quando forças de extrema direita se reorganizam no país.
Eles têm pregadores e
seguidores, a exemplo do filósofo Olavo de Carvalho e do deputado Jair
Bolsonaro (PP), exemplos de intolerância e fundamentalismo.
Há em curso no Brasil a
propagação do ódio aos homossexuais, aversão ao Bolsa Família (porque favorece
a pobreza) e forte retomada do preconceito racial.
As declarações de
intolerância contra pobres e negros ganham as redes sociais e os programas de
televisão, a exemplo do comentário grotesco da apresentadora Raquel Sheherazade,
do SBT.
Até dentro da Universidade,
outrora um ambiente fértil para o embate de ideias e comportamentos, a intolerância
virou regra, a ponto de o uso de maconha ser motivo de repressão violenta (vide
episódios na USP e UFSC).
O Brasil já passou por
muitos momentos de exceção, de Getúlio Vargas a João Batista Figueiredo,
situações em que os dissidentes foram presos e/ou mortos, sem julgamento ou
chance de defesa.
Muitos cadáveres nunca foram
encontrados. A Comissão da Verdade tenta dar transparência aos fatos que
ocorreram no período mais cruel da vida política brasileira.
A ditadura acabou, mas os
torturadores estão vivos. Pior, outros entusiastas de regimes totalitários
ganham as ruas, pregando o ódio, o preconceito e usando a violência para
combater seus adversários.
Ainda estamos em processo de
construção da democracia e toda forma de repressão ou intolerância deve ser
evitada.
Somos um país laico, com
espaço para todos os tipos de religião, opções sexuais e multiculturalismo.
As ideias dos liberais devem
ser respeitadas tanto quanto as dos socialistas e anarquistas, sem violência
física como forma de garantir a imposição de um só pensamento.
O Brasil é de todos os
credos, cores, culturas e regiões. Que vençam os melhores argumentos e não a
força bruta das ditaduras.
Como diria Caetano Veloso,
só uma coisa é proibida: proibir!