Marlon Botão *
Em 30 anos de existência do Partido dos Trabalhadores, este é o momento mais significativo de sua história. É chegada à hora de dizermos ao povo maranhense o que continuaremos a ser ou não no Estado.
Em sua totalidade, o PT evoluiu da denominação de um partido de classe para ser de massa e da ordem; conquistou a condição de ser um dos maiores partido de esquerda do mundo, que tem um ex-operário governando o Brasil pela segunda vez consecutiva.
A história mostra como o PT alcançou a confiança do povo brasileiro: combatendo os diversos agrupamentos de políticos de direita – que almejavam apenas o poder pelo poder –, que não tinham compromissos com as causas sociais, que se mantêm às custas da exploração e da apropriação indevida do patrimônio público, que fomentaram políticas públicas excludentes, que usam o poder para facilitar a concentração de riquezas nas mãos de poucos e geram pobreza e miséria para a maioria da população.
No Maranhão, o segundo Estado mais atrasado da Federação, o PT sempre combateu os agrupamentos políticos de direita, que aqui formaram uma oligarquia perversa, que fez da política um “bom negócio” para o seu clã e asseclas.
São mais de quatro décadas de domínio em que vivemos na contramão do desenvolvimento e a maioria do povo maranhense sem perspectiva de nada. Nas últimas quatro décadas a alternância de poder só aconteceu quando um partícipe da oligarquia resolveu romper com o clã, por questões pessoais.
Na época governador do Estado, José Reinaldo Tavares não suportou o patrulhamento à sua vida pessoal e decidiu não seguir mais as ordens do chefe da “Casa Grande”.
O dissidente Zé Reinaldo seguiu em frente, como dizia o jingle da campanha dele para governador, na estridente voz da intérprete maranhense Alcione (Segue Zé, segue em frente Zé, o Maranhão não pode parar...) e aclamado por um movimento chamado de “Frente de Libertação”, conseguiu montar a engenharia eleitoral que elegeu o seu sucessor com o apoio dos partidos de esquerda (PT, PC do B e PSB) e o da direita conservadora (PSDB).
Infelizmente, na gestão da “Frente de Libertação”, prevaleceu a força e o poder da direita conservadora, que reproduziu com a mesma crueldade da oligarquia os males na forma de gerir o Estado, principalmente no uso indevido de recursos públicos, o que em pouco mais de dois anos, depois de iniciado o “governo da libertação”, facilitou o golpe que depôs o governador Jackson Lago e trouxe de volta a derrotada Roseana Sarney.
O povo descrente cruzou os braços e tudo voltou a ser como era antes.
Agora, em 2010, num cenário de descrença popular diante de um governo do Maranhão ilegítimo e pouco operante, pesquisas de opinião recentes no Estado mostram que nem tudo está perdido e existe um grande segmento de eleitores sedentos por mudança no comando do poder estadual.
Acertadamente, o Partido dos Trabalhadores se manteve firme em seus princípios e identidade histórica e nos últimos dias 26 e 27 de março, no Encontro Estadual de definição de tática eleitoral, optou pela coligação com os partidos de esquerda da base de sustentação do governo Lula, com apoio a candidatura ao governo do Estado, do companheiro Flávio Dino, do PC do B.
O PT do Maranhão resolveu democraticamente o caminho que vai seguir em 2010, mas tem pela frente outros grandes desafios, como atenuar as disputas internas e construir um acordo entre as lideranças de suas correntes políticas, respeitando as decisões do encontro de tática eleitoral, para que o nosso partido não sucumba de vez no Estado.
Precisamos centrar forças no que é o principal: atender aos anseios do povo maranhense, que sonha e clama por dias melhores e precisa de apoio para continuar acreditando que este sonho é possível e que podemos contribuir para torná-lo realidade.
O PT do Maranhão, em 30 anos de história, ainda não conseguiu ou não buscou construir um projeto para o Estado; este débito com o nosso povo têm nos custado muito caro. Essa é a hora da mudança!
Viva a democracia e a unidade do Partido dos Trabalhadores em prol de uma nova sociedade com oportunidades para todos e justiça social!
* Marlon Botão é Relações Públicas, militante da CNB e integra a direção municipal do PT em São Luís.