Campanha de financiamento coletivo lançada no último dia 1º.
pretende garantir parte do orçamento para viabilizar a publicação; a outra
parte do recurso está garantida através de edital da Fapema
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Ricarte Almeida, Rivanio Almeida e Zema Ribeiro articulam a publicação Chorografia do Maranhão |
O sociólogo e radialista Ricarte Almeida Santos, o
jornalista Zema Ribeiro e o fotógrafo Rivanio Almeida Santos aprovaram, em
edital da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico do
Maranhão (Fapema), projeto que pretende publicar em livro as 52 entrevistas da Chorografia
do Maranhão, realizadas pelo trio com instrumentistas de choro naturais de/e/ou
radicados no Maranhão.
Porém, o recurso aprovado pela Fundação é insuficiente para
as pretensões dos “chororrepórteres”, como eles se autodenominaram. “Foram mais
de dois anos de trabalho árduo, publicando quinzenalmente as entrevistas em
parceria com um jornal de São Luís, e o registro destas entrevistas em livro,
além de uma vontade nossa, é também um desejo de pesquisadores, estudantes de
música e interessados em música em geral, e em choro em particular, além dos
próprios personagens da série”, revela Ricarte.
Para conseguir o que falta dos recursos para realizar seu
intento, o grupo lançou uma campanha virtual de financiamento coletivo – para
conhecer e doar acesse AQUI.
“O crowdfunding é uma tendência mundial para a realização de projetos nas mais
diversas áreas, hoje. É claro que estamos abertos a patrocinadores, a
empresários eventualmente sensíveis à cultura, alguns dos quais têm colaborado
para a realização dos projetos realizados por Ricarte nos últimos anos; mas se
eles não se aliarem ao projeto, já estamos, literalmente, com o bloco na rua e
o chapéu na mão”, comenta Zema.
A campanha, que pretende arrecadar 30 mil reais e tem dois
meses de duração, foi lançada no último dia 1º. de fevereiro. “Realizamos um
trabalho que buscou primar pela excelência na apuração dos depoimentos,
revelando além das próprias histórias pessoais dos chorões, um pouco da própria
história do choro e da música em geral produzidos no Maranhão, as dificuldades
e avanços vividos pelo gênero no estado, além de a Chorografia ser
também um mapeamento afetivo e sentimental de lugares que, de algum modo, têm
relação com a música imortalizada por gênios como Pixinguinha e Ernesto
Nazareth, entre outros. Pode parecer que estamos querendo dinheiro demais, mas
queremos um livro com um padrão de qualidade, como a memória deste pedaço da
história e da cultura do Maranhão merece”, defende Rivanio.
Lançamentos além da Ilha – Outra pretensão do trio – e
para isso, outro projeto já está em fase de elaboração, para captação de
recursos através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura – é lançar o livro em
praças de choro pelo país. “O Clube do Choro do Maranhão sempre buscou
proporcionar o diálogo entre músicos do cenário local e do cenário nacional, e
os projetos que produzimos ultimamente, movimentando a cena chorística da
capital maranhense, não fizeram diferente. Nossa ideia é levar este livro à
Brasília, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro, garantindo a ida de um grupo de
choro maranhense até cada uma destas cidades, para as noites de autógrafos”,
antecipa Ricarte.
Capricho editorial – Chorografia do Maranhão, o
livro, tem prefácio de Luciana Rabello e produção editorial da Pitomba! Livros
e Discos, que tem investido na produção de obras sobre a cena musical do
Maranhão. A editora de Bruno Azevêdo já publicou Onde o reggae é a lei, de
Karla Freire, Em ritmo de seresta – Música brega e choperias no Maranhão,
de seu proprietário, e O reggae no Caribe brasileiro, de Ramusyo Brasil,
os dois primeiros em parceria com a Edufma.
Personagens e cenários – Para se ter uma ideia da
diversidade dos entrevistados, citamos os personagens da galeria da Chorografia
do Maranhão: Os Irmãos Gomes – filhos do capitão Nuna Gomes, compositor e
multi-instrumentista rosariense, o violonista Bastico, Zequinha do Sax e Biné
do Cavaco –; os bandolinistas César Jansen, Chiquinho França, Raimundo Luiz,
Ronaldo Rodrigues, Wendell Cosme e Wendell de La Salles; o banjoísta Biné do
Banjo; os cavaquinhistas Ignez Perdigão, Juca do Cavaco, Márcio Guimarães,
Paulo Trabulsi, Rafael Guterres, Robertinho Chinês e Zeca do Cavaco; os
flautistas Danuzio Lima, João Neto, Lee Fan, Paulinho Oliveira, Serra de
Almeida, Zezé Alves; os percussionistas Arlindo Carvalho, Carbrasa, Léo Capiba,
Luiz Cláudio, Nonatinho, Vandico, Wanderson e Zé Carlos; o pianista Adelino
Valente; o sanfoneiro Rui Mário; os saxofonistas José Luís Santos e Osmarzinho;
o trombonista Osmar do Trombone; o tecladista Maestro Nonato; os violonistas
Agnaldo Sete Cordas, Celson Mendes, Domingos Santos, Francisco Solano, Giovani
Cavalcanti, Gordo Elinaldo, Henrique Cardoso, Hermelino Souza, João Eudes, João
Pedro Borges, João Soeiro, Joaquim Santos, Luiz Jr., Marcelo Moreira, Monteiro
Jr., Turíbio Santos e Ubiratan Sousa – alguns dos listados assumem mais de um
instrumento.
As entrevistas também revelam uma paisagem diversa, afetiva
do choro em São Luís. A Chorografia do Maranhão visitou as residências de
Adelino Valente, Arlindo Carvalho, César Jansen, dona Zelinda Lima (para
entrevistar seu filho Danuzio), Gordo Elinaldo e João Pedro Borges (para
entrevistar seu amigo e parceiro Turíbio Santos, que ensaiava lá, para uma
apresentação em São Luís), além de Bar do Léo, Barraca Paradise, Barulhinho
Bom, Brisamar Hotel, Chico Discos, ECI Museum, Escola de Música do Estado do
Maranhão Lilah Lisboa de Araújo, Estúdio de Júlio (Camboa), Feira da Praia
Grande, Fonte do Ribeirão, Hotel Pestana, Kumidinha di Buteko, La Pizzeria,
Praça da Saudade, Praça de Alimentação do São Luís Shopping, Quitanda de Seu
João (esquina das ruas do Ribeirão e do Machado, Centro), Quitanda do Jósimo
(esquina das ruas do Alecrim e Pespontão, Centro), Quitanda Rede Mandioca,
Restaurante Chico Canhoto, Salomé Bar, Samba Sem Telhado e Sonora Studio.
Participações especiais – A série Chorografia do
Maranhão contou ainda com chororrepórteres honorários: num encontro
inusitado, em plena Feira da Praia Grande, o jornalista e compositor Cesar
Teixeira – fundador do Regional Tira-Teima – ajudou a entrevistar Zeca do
Cavaco, atualmente membro do grupamento de choro mais longevo do Maranhão; e
Murilo Santos substituiu Rivanio, que não pode comparecer à entrevista com Os Irmãos
Gomes no Bar do Léo.
Segunda etapa – Ricarte, Rivanio e Zema priorizam,
agora, a publicação do trabalho em livro. Mas revelam uma vontade, para a qual
já estão se preparando: revelar os chorões do interior do Maranhão. “Ao longo
das entrevistas, diversas cidades maranhenses foram citadas como polos musicais
importantes, embora praticamente desconhecidos. A Chorografia do Maranhão, por
conta de todas as limitações, sobretudo pelo recurso zero que teve, ou melhor,
não teve [risos], acabou se concentrando na capital e, quando entrevistou
chorões radicados fora do Maranhão, foi aproveitando visitas suas à capital,
por um ou outro motivo. Vamos trabalhar um projeto para garantir as viagens aos
municípios do interior, as condições de trabalho, e continuar este mapeamento,
do qual este livro encerra uma primeira etapa”, finaliza Ricarte.