Ricardo Costa Gonçalves
Graduado em Matemática, professor, ex-superintendente
adjunto do Incra, e mestrando em Estado e Políticas Públicas pela FPA/FLACSO
A presidente Dilma Rousseff não é investigada em nenhum
processo, portanto, não é ré. Não cometeu nenhum crime, e não é investigada
pela Lava Jato. Por isso, impedimento sem crime, é golpe.
O pedido de impedimento da presidenta Dilma Rousseff esta
baseando nas “chamadas pedaladas fiscais”. O que é isso? A presidenta colocou
dinheiro da Caixa Econômica Federal em programas sociais, para conseguir fechar
as contas e, no ano seguinte, devolveu esse dinheiro à Caixa. Não obteve nenhum
benefício pessoal e nem seus principais inimigos conseguem acusá-la de qualquer
ato de corrupção. Essas “pedaladas fiscais” foi utilizada por Fernando Henrique
Cardoso (FHC), Lula, pela maioria dos governadores e prefeitos. Portanto, usar
este fato para afastar apenas a Dilma, é golpe.
Diferente de Dilma, os políticos que pedem seu afastamento,
como o presidente da Câmara Eduardo Cunha (que tem contas secretas milionárias
na Suíça) e Aécio Neves (citado em oito delações), têm muito a explicar. Além
disso, mais da metade da comissão de impedimento (37 dos 65 integrantes) estão
sendo investigados por corrupção. Um processo conduzido por essas pessoas
contra uma presidenta que não é acusada em nenhuma investigação, é golpe.
A presidenta Dilma Rousseff foi eleita com mais de 54, 5
milhões de votos. Afastá-la sem que exista nenhum crime cometido não apenas é
golpe como é um desrespeito com a maioria do eleitorado brasileiro. Um dos
líderes desse movimento é o candidato derrotado em 2014, Aécio Neves. Ser
derrotado em uma eleição é chato, mas faz parte da democracia. O Lula foi
candidato quatro vezes até ser eleito, e nem por isso, nas vezes que perdeu
tentou ser presidente no tapetão. Quem deseja ser presidente deve aguardar as
eleições de 2018 e se candidatar. É assim que funciona na democracia. Caso
contrário, é golpe.
Em 19964, golpe não, também, não tinha esse nome. Era
chamado de “revolução”. É improvável que o governo seja derrubado com tanques
na rua- apesar de vários opositores a presidenta Dilma pedirem isso. No
entanto, existem outras formas de se desrespeitar a democracia e derrubar um
governante, e é isso o que oposição, a mídia e setores do empresariado e do
judiciário estão fazendo. Não há tanques, e pode usar o nome que quiser. Mas,
na prática, é golpe.
Não se pode afastar um governo porque não se gosta dele, ou
porque tem baixa popularidade. Numa democracia, a troca é pelo volto. Se não é
golpe.
Se os canhões da mídia, do judiciário e do grande capital
estão voltados contra apenas um partido, o interesse não é o bem público ou a
moralização da política. O objetivo prejudicar e desmoralizar apenas esse
partido para ganhar o poder no tapetão. Aí, não há como escamotear, é golpe.
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