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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

PT: HENRIQUE LANÇA CANDIDATURA A PRESIDENTE E SE DISTANCIA DE WASHINGTON NA DISPUTA INTERNA

Em novembro de 2013 o PT vai compor os novos diretórios municipais, estaduais e o nacional, através do Processo de Eleições Diretas (PED). No Maranhão, quem ganhar o PED vai ter força para definir os rumos do partido em 2014.

Tido como referência de democracia interna, o PED virou uma gincana de aliciamento dos filiados, para ser generoso nas qualificações.

Candidato a presidente do diretório estadual, Luis Henrique Sousa divulgou um manifesto (leia abaixo) no qual anuncia a criação de um novo grupo no partido, o PT PARA TODOS, ainda ligado à CNB Nacional (leia-se Lula, Dilma e José Dirceu).

Apesar das ligações à CNB Nacional, na planície maranhense Henrique se distancia do vice-governador Washington Oliveira (WO), o agente de José Sarney no PT.

Henrique é o chefe de gabinete do deputado estadual Zé Carlos. O plano é fazer o primeiro presidente do PT e o segundo deputado federal, indo de encontro ao projeto do vice-governador.

WO quer manter o controle do PT para negociar novamente o apoio à oligarquia Sarney e já pediu à governadora Roseana Sarney (PMDB) o cargo de conselheiro do TCE.

Desmoralizado em todas as instâncias, WO teme que Zé Carlos e Henrique controlem o PT e passem a ser os interlocutores junto à direção nacional do partido.

Durante a eleição municipal de 2012, enquanto WO perambulava pelas ruas de São Luís mendigando votos, Zé Carlos e Henrique percorriam as bases do PT no interior do Maranhão, dando assistência e estrutura a dezenas de candidatos petistas.

Resultado: WO saiu humilhado das urnas em São Luís e o gabinete de Zé Carlos, com a articulação de Henrique, dominou as bases anteriormente controladas pelo vice-governador.

Em que pese o atrito com Washington Oliveira, a candidatura de Henrique a presidente do PT tem dois problemas: o deputado Zé Carlos é da base de Roseana Sarney (PMDB) e o grupo PT PARA TODOS mantém alinhamento à CNB Nacional, a tendência majoritária que obrigou o PT do Maranhão a uma aliança com o PMDB de José Sarney em 2010.

Se o deputado Zé Carlos não romper com Roseana Sarney, pouca coisa muda no cenário do PT em 2014.

Além disso, uma eventual vitória de Henrique no diretório estadual não é garantia de que o PT vá implodir a relação com o PMDB.

Henrique vai manter fidelidade à CNB Nacional, que prefere repetir a aliança com o PMDB no Maranhão, ou vai pregar aliança com Flavio Dino (PCdoB), desagradando Lula e Dilma?

Não muda muita coisa trocar a direção do PT sem mudar a estratégia para mudar o Maranhão.

VEJA ABAIXO A CARTA DE HENRIQUE

PT PARA TODOS

por Luís HENRIQUE Sousa, dirigente e militante do PT, jornalista e assessor parlamentar

Em 2013 o PT faz 33 anos. Em 2013, pessoalmente, incorporo 25 anos de militância no Partido dos Trabalhadores, primeiro e único em minha vida. A atual conjuntura me exige a tomada de posições e decisões difíceis. Depois de 20 anos, desligo-me organicamente do grupo interno a que pertencia até então, comandado pelo companheiro vice-governador Washington Luiz, por concluir e entender que:outro caminho é possível.

Seguem comigo na busca deste outro caminho, muitos companheiros da CNB. Outros queridos e nobres parceiros de ideais e de estrada ficam com o grupamento de origem, sem que por eles, pessoalmente, não continue a ter o mesmo respeito e carinho. Na política, como na vida, em determinadas circunstâncias, temos que fazer opções.

Há muito que não encontrava mais ambiente no campo que por tanto tempo segui e militei no plano local. Creio que o PED de 2013 fechará um ciclo no PT. É chegada a hora, mais do que na hora, de acabarmos com a intolerância no partido. Creio ser findo o tempo das duas grandes árvores que nos representaram nos últimos 20 anos, uma capitaneada pelo companheiro Washington e a outra pelo companheiro Dutra.

O PT precisa reencontrar seu caminho histórico, na sua essência um partido plural, de seus vários grupamentos a pregar variáveis políticas distintas; contudo, com a mesma matriz ideológica. Um partido enriquecido pelo debate interno, capaz de construir diretriz política e partidária diferenciada, democrática e popular, cuja inclusão se manifesta não só nas políticas públicas que adota, mas a partir do protagonismo e exercício do povo no fazer político; com pontuações programáticas e políticas divergentes, todavia, com unidade na ação.

Tempo de enterrar o maniqueísmo que nos aprisionou durante duas décadas de uma disputa interna que nos fez dialogar mais com os partidos e interesses de fora do PT do que com os companheiros do partido e os interesses do próprio PT.

Ao afirmar o que digo, o faço sem me eximir de culpa e responsabilidade. Participei disso, ajudei a construir o que nos tornamos. Não há erro de um, há erros de muitos, quem sabe de todos.

No plano nacional, continuo integrado a CNB, agora na personificação do coletivo PT PARA TODOS, grupamento oficializado internamente na reunião da tendência em São Paulo, nos dias 25 e 26 de Janeiro de 2013. Um coletivo que nasce em 79 diretórios municipais - adesão de 53 vereadores e 03 prefeitos petistas, dos 10 eleitos pelo partido. O coletivo conta ainda com a presença do líder do PT na Assembleia Legislativa do Estado, o Deputado Zé Carlos do PT e de 87 lideranças petistas, entre filiados e militantes.

Nascemos na perspectiva de consolidar o que afirmamos na denominação: UM PT PARA TODOS. Com disposição para ajudar na construção de um projeto próprio para o partido, sem que tenhamos que nos reduzir a ser apêndice de campo político A ou campo B; a cumprir um plano de ação e metas que vise a ocupação dos espaços institucionais, vereança, prefeitura de São Luís, prefeituras do Maranhão e Governo do Estado; por que não?

Em resumo, focar na busca da hegemonia política no Maranhão, ou, no mínimo, ser alternativa viável, a exemplo do que em outros estados o PT já conseguiu, como é o caso do Piauí, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Acre, Pará e Bahia, só para ficar em alguns da região Norte e Nordeste.

Para que esse intento seja factível, é necessária a disposição para o diálogo interno, construir este objetivo comum com as demais tendências do PT; caminho necessário para o nosso partido e para o povo, razão maior das nossas vidas, enquanto militantes de esquerda.

Que sejamos capazes de dialogar com as forças políticas da base de apoio do governo Dilma, principalmente e prioritariamente com as forças de esquerda; contudo, sem subserviência ou conveniências de uns poucos. Um PT altivo, um PT soberano.

A partir de março, iniciaremos a vida orgânica do coletivo PT PARA TODOS em um grande seminário estadual e daremos ciência dos nossos passos à militância petista. Ciência das nossas decisões mais importantes, da inserção e visão que temos e como pretendemos interferir na conjuntura política local e nacional.

Outro caminho é possível, Um PT PARA TODOS E TODAS. Todos os petistas, todos os maranhenses, todos os brasileiros.

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