No ambiente democrático, qualquer operação de combate à
corrupção tem o dever investigar TODOS os partidos e agentes políticos
denunciados por desvios éticos. No entanto, não é isso que está ocorrendo no
Brasil.
A operação Lava Jato entrou na fase mais perigosa,
transformando o juiz Sergio Moro em um super-herói, sem limites nas suas
responsabilidades de magistrado.
As conversas telefônicas entre Lula e Dilma, reveladas pelo
Jornal Nacional, têm o claro objetivo de mobilizar o país contra o governo e fortalecer
o impeachment.
Diferente do golpe militar de 1964, quando a repressão e a
violência física foram os principais instrumentos de tomada do poder, em 2016 há
uma combinação entre mídia e parte do Judiciário para construir um consenso.
Esse consenso tem três objetivos: exterminar o PT, tirar a
presidente Dilma Roussef da presidência e prender o ex-presidente Lula.
Assim, o juiz Sergio Moro passou a ser o justiceiro do
Brasil, alimentado em farto noticiário que o eleva à condição de salvador da
pátria.
Sob a liderança da Globo, o magistrado ganha ares de
divindade, dotado da onipotência do Judiciário, através do qual regula todos os
outros poderes.
A operação Lava Jato, além de ser uma investigação sectária,
exclusiva de um só partido, é um espetáculo midiático focado em mobilizar o
país no sentido de criminalizar o PT e transformar qualquer filiado em inimigo
do país.
Ser petista virou crime. O vermelho e a estrela são demonizados
e escorraçados pelos afetos na cobertura viciada do jornalismo global.
O processo de criminalização do PT espalhou pelo país
inteiro um sentimento de intolerância, ódio e despolitização, totalmente
prejudiciais à democracia.
Na contramão dos mais básicos princípios do humanismo, a cobertura midiática da Globo incita subliminarmente
a violência e ativa o ambiente de guerra no país, iniciado na eleição de 2014.
A democracia é um ente coletivo, feita pela coexistência de
todos os poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário; e, substancialmente, da
vontade do povo.
Não se constrói a democracia violentando os corações e
mentes das pessoas com uma sistemática veiculação de matérias pejorativas sobre
um só ente político, o PT, como se essa sigla fosse a única responsável pela
corrupção no país.
Reduzir a democracia às decisões de parte do Judiciário é um
dispositivo que coloca em risco o conjunto das instituições brasileiras, a ponto
de todas ficarem reféns de um juiz onipotente, onipresente e onisciente.
Chega-se ao absurdo de o juiz Cata Preta, notório adversário
do PT, ser o primeiro a expedir uma liminar suspendendo a nomeação de Lula para
a Casa Civil.
A Globo e parte do Judiciário coligaram-se na instituição do
partido único, sob a presidência de um magistrado transformado em palmatória do
Brasil.
Mitificar as soluções do país em uma só pessoa significa a
negação da democracia. Esta pressupõe coletividade, disputa, conflito dos
contrários, criação de consenso com base em argumentos e disputa de forças na
sociedade.
A democracia é o que de melhor se construiu no mundo. Sem
ela, voltamos à barbárie ou ao fascismo.
O que se vê nas ruas é um processo perigoso de despolitização
da política, movido pelo ódio, sectarismo e fundamentalismo judiciário e
midiático.
Muita gente que hoje está nas ruas, de verde e amarelo, com
sangue na boca, pode se arrepender amargamente da criatura jurídico-midiática gestada no Brasil.
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