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sexta-feira, 18 de março de 2016

MÍDIA E JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA COLOCAM EM RISCO A DEMOCRACIA NO BRASIL

No ambiente democrático, qualquer operação de combate à corrupção tem o dever investigar TODOS os partidos e agentes políticos denunciados por desvios éticos. No entanto, não é isso que está ocorrendo no Brasil.

A operação Lava Jato entrou na fase mais perigosa, transformando o juiz Sergio Moro em um super-herói, sem limites nas suas responsabilidades de magistrado.

As conversas telefônicas entre Lula e Dilma, reveladas pelo Jornal Nacional, têm o claro objetivo de mobilizar o país contra o governo e fortalecer o impeachment.

Diferente do golpe militar de 1964, quando a repressão e a violência física foram os principais instrumentos de tomada do poder, em 2016 há uma combinação entre mídia e parte do Judiciário para construir um consenso.

Esse consenso tem três objetivos: exterminar o PT, tirar a presidente Dilma Roussef da presidência e prender o ex-presidente Lula.

Assim, o juiz Sergio Moro passou a ser o justiceiro do Brasil, alimentado em farto noticiário que o eleva à condição de salvador da pátria.

Sob a liderança da Globo, o magistrado ganha ares de divindade, dotado da onipotência do Judiciário, através do qual regula todos os outros poderes.

A operação Lava Jato, além de ser uma investigação sectária, exclusiva de um só partido, é um espetáculo midiático focado em mobilizar o país no sentido de criminalizar o PT e transformar qualquer filiado em inimigo do país.

Ser petista virou crime. O vermelho e a estrela são demonizados e escorraçados pelos afetos na cobertura viciada do jornalismo global.

O processo de criminalização do PT espalhou pelo país inteiro um sentimento de intolerância, ódio e despolitização, totalmente prejudiciais à democracia.

Na contramão dos mais básicos princípios do humanismo,  a cobertura midiática da Globo incita subliminarmente a violência e ativa o ambiente de guerra no país, iniciado na eleição de 2014.

A democracia é um ente coletivo, feita pela coexistência de todos os poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário; e, substancialmente, da vontade do povo.

Não se constrói a democracia violentando os corações e mentes das pessoas com uma sistemática veiculação de matérias pejorativas sobre um só ente político, o PT, como se essa sigla fosse a única responsável pela corrupção no país.

Reduzir a democracia às decisões de parte do Judiciário é um dispositivo que coloca em risco o conjunto das instituições brasileiras, a ponto de todas ficarem reféns de um juiz onipotente, onipresente e onisciente.

Chega-se ao absurdo de o juiz Cata Preta, notório adversário do PT, ser o primeiro a expedir uma liminar suspendendo a nomeação de Lula para a Casa Civil.

A Globo e parte do Judiciário coligaram-se na instituição do partido único, sob a presidência de um magistrado transformado em palmatória do Brasil.

Mitificar as soluções do país em uma só pessoa significa a negação da democracia. Esta pressupõe coletividade, disputa, conflito dos contrários, criação de consenso com base em argumentos e disputa de forças na sociedade.

A democracia é o que de melhor se construiu no mundo. Sem ela, voltamos à barbárie ou ao fascismo.

O que se vê nas ruas é um processo perigoso de despolitização da política, movido pelo ódio, sectarismo e fundamentalismo judiciário e midiático.

Muita gente que hoje está nas ruas, de verde e amarelo, com sangue na boca, pode se arrepender amargamente da criatura jurídico-midiática gestada no Brasil.

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