Atropelos do deputado Waldir Maranhão foram cunhados de "maranhada" |
O professor pós-doutor Aldir Carvalho Filho enviou carta ao
jornal Folha de São Paulo, repudiando o texto do articulista Helio Schwartzman, que
utilizou o termo “maranhada” para se referir às atitudes do deputado federal Waldir
Maranhão (PP) na condução do impeachment da presidente Dilma Roussef (PT). Segundo Aldir Filho, a expressão é pejorativa e deprecia os maranhenses.
Veja a íntegra da carta enviada à Ouvidoria da Folha
Em 10 de maio de 2016 20:45, Aldir Carvalho Filho <aldir_filho@yahoo.com.br> escreveu:
Sra. Ouvidora,
Sou assinante da Folha há vários anos. Jamais escrevi para a
coluna Cartas dos Leitores, e nem sei se este é o canal apropriado para isto.
Mas hoje tento me fazer ouvir, de toda forma,e gostaria, sinceramente, que
minha reclamação fosse publicada!
Minha queixa se dirige ao articulista Hélio Schwartzman que,
na sua coluna de hoje, comete, talvez, a maior tolice de quantas já possa ter
dito (e das várias que já disse, mas isso fica para outra oportunidade): quer
dizer que quando um político - que, por pura coincidência, tem “Maranhão” no
sobrenome e é natural desse Estado - comete uma lambança política, ele
está cometendo uma “maranhada”?
Francamente, gostaria de comprar o Sr. Schwartzman pelo que
ele realmente vale e vendê-lo pelo que ele acha que vale…
Cito o texto: "O substituto de Cunha conseguiu,
numa só canetada, dar verossimilhança à ideia de que o país é uma república de
bananas. A maranhada, como era de esperar, não durou mais do que
algumas horas. (…)”. (grifo meu) [Folha de São Paulo, 10/05/2016, Caderno A, p.
2]
Ao longo do artigo, para explicitar o que seria a
tal “maranhada”, o autor se serviu fartamente de expressões com teor
negativo: “pantomima", "perturbação do
ambiente", “barafunda", "embananamento
institucional", “manobra" (fraudulenta?). Mais um pouco, por
associação indébita, e começaríamos a pensar que “maranhada” é um tipo particular
de “lambança” ou, pior, de “fraude” política...
Além de possívelmente tentar colocar em circulação mais uma
expressão preconceituosa e chula, que pode ser lançada maldosamente contra
naturais do Estado do Maranhão, que outra intenção teria o articulista? Já não
bastam as porcas expressões “paraíba” e “baiano” para generalizar -
pejorativamente - nordestinos, no Rio e em São Paulo? Agora, além da “baianada”
(expressão que, em São Paulo, principalmente, se tornou tristemente popular,
para designar “lambanças no trânsito”), teremos também a “maranhada”, para
designar lambanças de políticos? Por que não “paulistada”, até pela maior
quantidade de políticos paulistas - que os há, seguramente - fazendo das suas,
ou uma “cariocada”, quando um político como, por exemplo, Eduardo Cunha faz das
suas? Ou será que agora estamos todos autorizados a falar de
uma “mineirada”, quando gente como Dilma ou Aécio fazem o que fazem?
Espero que o Sr. Schwartzman peça desculpas públicas aos
maranhenses pela bobagem que inventou. Nem todo mundo tem inspiração todos os
dias. Não é feio pedir desculpas. Feio é se sentir imune à crítica. E hoje ele
errou feio. Nós, maranhenses, estamos muito sentidos com isso e demandamos uma
correção.
Em tempo: esta mensagem está sendo copiada para uma lista de
pessoas no Maranhão, no Brasil e no exterior, e eventualmente chegará à Folha
como um abaixo-assinado.
Muito obrigado por sua atenção e encaminhamentos.
Aldir Carvalho Filho
Doutor/Pós-Doutor em Filosofia
Professor Titular de Filosofia do Colégio Pedro II (RJ),
aposentado.
Professor Adjunto da Universidade Federal do Maranhão
Maranhense, com muito orgulho.
2 comentários:
Solidarizo-me com o professor Aldir Filho, é conhecido o preconceito de instelectuais do sul e do sudeste com os estaudos como Paraíba, Piauí, Bahia, Alagoas e Maranhão, cujas contribuição à cultural nacional é inolvidável e adentra até as fronteiras de nosso país. Josemar Pinheiro
Totalmente solidária em relação ao posicionamento do professor Aldir Filho que mostrou, com muita propriedade, o despreparo do articulista!
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